sábado, 13 de dezembro de 2014

LIÇÃO 11: UM HOMEM VESTIDO DE LINHO






TEXTO ÁUREO

E levantei os meus olhos, e olhei, e vi um homem vestido de linho, e os seus lombos, cingidos com ouro fino de Ufaz” (Dn 10.5).


VERDADE PRÁTICA


Deus revela o futuro, para que o seu povo não fique amedrontado e confuso.


HINOS SUGERIDOS

77, 125, 500


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Daniel 10.1-6,9,10,14

1 - No ano terceiro de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome se chama Beltessazar; e a palavra é verdadeira e trata de uma guerra prolongada; e ele entendeu essa palavra e teve entendimento da visão.
2 - Naqueles dias, eu, Daniel, estive triste por três semanas completas.
3 - Manjar desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas.
4 - E, no dia vinte e quatro do primeiro mês, eu estava à borda do grande rio Hidéquel;
5 - e levantei os meus olhos, e olhei, e vi um homem vestido de linho, e os seus lombos, cingidos com ouro fino de Ufaz.
6 - E o seu corpo era como turquesa, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos, como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés, como cor de bronze açacalado; e a voz das suas palavras, como a voz de uma multidão.
9 - Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo a voz das suas palavras, eu caí com o meu rosto em terra, profundamente adormecido.
10 - E eis que uma mão me tocou e fez que me movesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.
14 - Agora, vim para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos dias.




OBJETIVOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Discorrer  sobre a visão celestial de Daniel.
Explicar o significado do homem vestido de linho.
Saber que os anjos de Deus são seres espirituais ajudadores.



SUBSÍDIO I




INTRODUÇÃO


Na lição de hoje atentaremos para a visão recebida por Daniel, uma revelação que descortina o futuro da humanidade. Inicialmente enfatizaremos a visão do céu, em seguida, que essa foi a resposta para a oração de Daniel, e ao final, o propósito dessa visão. Mostraremos ao longo da aula a importância de nos voltarmos para a revelação de Deus, e a segurança no futuro que Ele mesmo planejou para nós. Por que Ele vive, podemos ter a certeza de que nosso futuro está em boas mãos.


1. A VISÃO CELESTIAL


Conforme já estudamos em lições anteriores, Daniel é um homem de oração e também de estudo da palavra. O coração desse profeta está voltado para o seu povo, por isso ele se derrama em lágrimas pela nação (Dn. 10.2). Nos dias atuais, precisamos de homens e mulheres, que do mesmo modo que Daniel, e também o profeta Jeremias, sinta dores pelo povo. Vivemos uma época marcada pelo individualismo, as pessoas não sentem mais as dores do outro. No que tange ao cristianismo, trata-se de uma deturpação dos princípios da fé, pois esse, pela própria natureza, nos chama a nos alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram (Rm. 12.14,15). Dizem que homem que é homem não chora, mas o próprio Jesus chorou por causa da incredulidade das pessoas, e pranteou sobre Jerusalém (Jo. 11.35). Será que nós estamos sentido as dores daqueles que sofrem? Às vezes nos preocupamos apenas conosco, no máximo com nossas famílias, mas esquecemos dos outros, principalmente dos que não conhecemos. Daniel jejuou pelo seu povo (Dn. 10.3,12), demonstrou está comprometido com o avivamento da sua nação. Ele ocupou cargos importantes nos reinos aos quais pertenceu, mas não vendeu a sua alma, muito menos se esqueceu do seu povo. Há pessoas que buscam cargos públicos, mas não assumem que esse é um ministério, um serviço para os bem das pessoas, não para o enriquecimento ilícito. Foi no contexto da oração, da compaixão por Israel que Deus deu uma visão através de um anjo (Dn. 10.4-6). A manifestação daquele anjo, que para alguns se trata do próprio Cristo, esclarece Daniel em relação ao futuro, trazendo-lhe discernimento (Dn. 10.7-12). A revelação trouxe quebrantamento ao profeta, isso mostra que a revelação não serve apenas ao intelecto, e também não deve se restringir à emoção, precisa nos despertar para uma mudança de foco, uma percepção diferenciada de Deus.


2. A REVELAÇÃO DO FUTURO


Depois da oração Daniel recebeu uma resposta imediata de Deus, isso aconteceu porque o profeta se humilhou diante do Senhor. Muitos querem receber revelações de Deus, mas não se quebrantam perante Ele. Somente os que têm contato íntimo com o Senhor podem desfrutar dos seus mistérios. Daniel recebeu uma revelação em relação ao futuro, fatos que abarcavam toda a história da humanidade. Inicialmente houve uma tentativa de resistência pelo rei da Pérsia (Dn. 10.13), uma alusão a Satanás que pode se disfarçar em anjo de luz (II Co. 11.14). Isso revela a existência de uma guerra espiritual, não podemos imaginar que estamos restritos ao mundo físico, como querem defender alguns céticos. A nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os principados e potestades das regiões celestes, por isso devemos estar equipados com toda armadura de Deus (Ef. 6.12). Deus providenciou um ajudador para Daniel, o arcanjo Miguel que defendeu o povo de Judá (Dn. 12.1). Não podemos afirmar com certeza se o homem vestido de linho, que se revelou a Daniel era o próprio Cristo. Alguns estudiosos, com base em Ap. 1.12-2 e Ez. 1.26 afirmam que essa foi uma teofania, uma manifestação do próprio Deus. Fato é que diante da visão Daniel perdeu as forças, não teve como permanecer de pé (Dn. 10.8). Esse anjo de Deus conforta Daniel, ao ser tocado por ele, é maravilhoso saber que podemos contar com o auxílio de anjos (Hb. 1.14). Eles não devem ser adorados, pois não passam de espíritos ministradores (Ap. 22.8,9), mas podemos pedir a Deus que nos proteja através deles (II Rs. 6.17). O anjo confortou Daniel, de igual modo, somos confortados pela Palavra de Deus, nada poderá nos resistir, se Deus é por nós, que será contra nós (Rm. 8.31,32).


3. O PROPÓSITO DA VISÃO DO CÉU


O objetivo central da visão dada a Daniel foi confortá-lo, e mostrar que Deus está no comando das nações, e que o futuro a Ele pertence. Estamos em um mundo marcado por valores satânicos, o diabo e seus anjos estão pelejando contra a igreja. As potestades do mal querem se opor a verdade do evangelho. Mas não podemos perder as forças, assim como aconteceu com Daniel, devemos nos dobrar diante da revelação do Senhor. Não podemos perder o senso de espanto diante das grandezas das revelações. Quando Deus se revela, devemos reconhecer nosso pecado, como aconteceu com Isaias (Is. 6), bem como nossas limitações, como fez Jó (Jó. 42). O propósito da revelação é perceber a grandeza de Deus, e ao mesmo tempo, nossa pequenez. Ninguém deve se arvorar das revelações que recebeu de Deus, nem mesmo Paulo pode fazê-lo, pois recebeu um espinho na carne, para que não se gloriasse (II Co. 12.7). A revelação de Deus através dos dons espirituais, ou da Palavra de Deus escrita, objetivam nosso amadurecimento. Ninguém deve se gloriar por causa das revelações que recebeu de Deus, antes deve agir com temor e tremor. O Deus que tocou Daniel está disposto também a nos tocar, Ele diz que somos amados e que escuta nossas orações (Dn. 10.11,12). Nada angustia tanto o homem moderno que o sentimento de desespero. Somos tentados, diante da imensidão do universo, a pensar que não passamos de um grão de areia. Mas Deus se interessa por cada um de nós (Sl. 8.4), Ele nos ama e O provou na cruz (Jo. 3.16). O fato dEle nos amar, serve de estímulo para que abramos nossas bocas e declaremos Seu amor ao mundo (Dn. 10.16,17). Esse amor divino nos dá audácia para declarar os seus feitos, e perder o medo, pois é Ele que nos diz para não temer (Dn. 10.19).


CONCLUSÃO


Não temos motivos para desânimo, mesmo quando os dias parecem ser tenebrosos, ainda que os governos estejam contrários à Palavra de Deus. O Senhor está no comando da história, ao Seu tempo haverá de julgar com reta justiça. O poder das trevas está em plena expansão, cegando o entendimento dos incrédulos (II Co. 4.4). Mas isso somente durará para sempre, devemos continuar orando, e clamando a Deus para que venha o Seu reino, e agindo para que as forças do mal não prevaleçam. Que Deus em Cristo nos abençoe com toda sorte de armas espirituais (II Co. 9.8; 10.3-5).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


SUBSÍDIO II




INTRODUÇÃO


Ao estudarmos o capítulo dez, precisamos compreender que já se haviam passado uns quatro anos desde que Gabriel apareceu a Daniel com uma mensagem da parte de Deus. Era o terceiro ano do reinado de Ciro da Pérsia, e Daniel era um homem com mais de 90 anos de idade. Mesmo assim, não desistiu de orar e jejuar em favor do seu povo. O capítulo dez trata da última visão do profeta a respeito dos acontecimentos dos últimos dias. [Comentário: Esse capítulo, assim como os dois capítulos seguintes, fazem um resumo de toda a visão e profecia reveladas a Daniel e destinadas ao uso da igreja, não através de sinais ou figuras como nos capítulos 7 e 8, mas por meio de palavras expressas. Isso aconteceu cerca de dois anos depois da visão do capítulo anterior. Daniel orava diariamente e uma visão lhe era concedida uma vez ou outra. Nesse capítulo se vê algumas introduções à profecia, no capítulo 11 tem as previsões em particular, e no capítulo 12 a conclusão final.] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!


1. UMA VISÃO CELESTIAL (Dn 10.1-3)


1. “Foi revelada uma palavra a Daniel”. O capítulo dez tem início com a visão que Daniel teve a respeito dos acontecimentos dos últimos dias. Neste capítulo, temos apenas o início da visão e da revelação de Daniel. Deus é Senhor e tem o conhecimento total e completo do futuro. Sua revelação é infalível e não deixa nenhuma dúvida. [Comentário: Uma ideia geral dessa profecia (v. 1): “A palavra é verdadeira”, e toda palavra de Deus é assim. É verdade que Daniel teve essa visão e que tais coisas foram ditas. Ele atesta esse fato solenemente, e jura na qualidade de profeta. Et hoc pamtus est verificare - ele estava preparado para verificá-las. E, como essas palavras tinham vindo do céu, não há dúvida de que seriam confiáveis e imutáveis. Mas o período mencionado ainda demoraria muito para chegar. Além disso, como é habitual que os profetas enxerguem nas profecias as coisas espirituais e eternas, existe nessa profecia um aspecto que parece estar dirigido ao fim do mundo e à ressurreição dos mortos. Sendo assim, ele poderia muito bem dizer: O tempo determinado ainda vai demorar a chegar. Daniel entendeu do que se tratava, pois foi transmitida com bastante clareza e recebida de uma forma que ele poderia dizer que havia entendido a visão. Ela não só operou em sua imaginação, mas também em seu entendimento. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890.]

2. Daniel um homem de oração. Lendo os primeiros versículos do capítulo dez, podemos ver que Daniel estava mais uma vez se dedicando à oração e ao jejum. Mesmo estando exilado e tendo que servir a reis pagãos, Daniel não se descuidou de sua vida de jejum e oração. Ele era um homem que tinha um espírito excelente, por isso Deus lhe revelou seus desígnios. Daniel era um homem determinado e consciente da situação do seu povo. Talvez, por isso, tivesse por três semanas consecutivas (21 dias) orado, jejuado e não se ungido com unguento (v.3). A perseverança de Daniel em oração fez com que os céus se abrissem. Temos um Deus que ouve e responde as nossas orações (Jr 33.3). Daniel não desistiu de clamar e pedir pelo retorno do seu povo. Ele sabia o quanto Deus é Poderoso e que no tempo certo Ele agiria em favor dos israelitas. O tempo de Deus não está preso às circunstâncias históricas. No tempo devido, seus desígnios são concretizados. Daniel havia entendido que o plano de Deus para o seu povo não havia findado. [Comentário: Sem dúvida, Daniel é um grande exemplo da prática da oração. Durante toda a sua vida e, especialmente da juventude à velhice, o velho Daniel não deixou de orar. Era um homem determinado e consciente de suas limitações. Por três semanas consecutivas (21 dias) o velho Daniel não deixou de orar em favor do retorno do seu povo à sua terra. Ele nunca desistiu de clamar e pedir por esse retorno, porque sabia que o tempo de Deus não está preso às circunstâncias históricas. Ele não adianta nem atrasa. No tempo devido, seus desígnios são concretizados. Entretanto, Daniel, havia entendido que o plano de Deus para o seu povo não havia findado. Sua convicção era tão forte que não demorou muito para que Deus lhe desse outra grande revelação. Daniel havia ficado triste por 21 dias por causa da profecia de Jeremias e havia nesta profecia a promessa de restauração do seu povo. Por isso, ele sentiu motivado, não apenas para lamentar, mas para orar suplicando que a promessa fosse realizada. Ele levou a sério esta necessidade de orar e orava como hábito cotidiano três vezes ao dia. Ele orava com seriedade, com reverência e com contrição, pois confessava o pecado do povo e esperava a misericórdia de Deus (Dn 9.3-15). No capítulo 10, Daniel é surpreendido pelo “homem vestido de linho” que lhe revela coisas maravilhosas. Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 140]

3. A tristeza de Daniel. “Estive triste por três semanas completas” (10.2). Não sabemos o motivo real que trouxe tamanha tristeza e dor ao coração de Daniel. Todavia, sabemos que ele não se deixou abater por sua melancolia. Daniel continuou a orar e jejuar, buscando o socorro divino. As adversidades e tristezas desta vida não podem nos impedir de orar e prosseguir em nossa caminhada. Talvez um dos motivos da tristeza de Daniel seja o fato de que no terceiro ano de Ciro o trabalho da reconstrução do Templo havia sido interrompido (Ed 4.4,5,23,24). [Comentário: O Novo Comentário Bíblico da Editora Central Gospel defende que a informação por três semanas completas refere-se à observância de Daniel da Páscoa e da Festa dos Pães Asmos, que aconteceu durante o primeiro mês do ano (Êx 12.1-20). A Páscoa dava-se no décimo quarto dia do mês e a Festa dos Pães Asmos, nos oito dias seguintes. Toda a festividade terminava no vigésimo primeiro dia do mês. Matthew Henry escreve o seguinte: “Um relato da mortificação de Daniel antes de receber a visão. Ele não a esperava, nem mesmo quando proferiu a sua solene oração (cap. 9). Ele não parecia alimentar qualquer expectativa de uma visão que correspondesse a ela, e estava sendo movido puramente por um princípio de devoção e de piedosa simpatia pelo aflito povo de Deus. Ele esteve triste durante três semanas inteiras (v. 2) por causa dos seus próprios pecados, e dos pecados e das lamentações do seu povo. Alguns crêem que as razões da sua tristeza e abatimento tenham sido a preguiça e a indiferença da maioria dos judeus que, embora tivessem a liberdade de retornar à sua terra, ainda continuavam na terra do seu cativeiro, sem dar valor aos privilégios que lhes haviam sido oferecidos. Talvez o que levasse Daniel a se sentir ainda mais triste fosse o fato de que aqueles que assim procediam tentassem se justificar através do exemplo de Daniel, embora não tivessem as mesmas razões do profeta para lá permanecer. Outros dizem que Daniel se entristeceu por ter ouvido a respeito da obstrução à construção do templo, feita pelos inimigos dos judeus que haviam contratado conselheiros contra eles a fim de frustrar os seus propósitos (Ed 4.4,5), durante todo o reinado de Ciro. Esses judeus tinham obtido o apoio do seu filho Cambises, ou de Artaxerxes, que governou enquanto Ciro esteve ausente na guerra da Cítia. Os homens justos não podem deixar de se entristecer ao ver como a obra de Deus anda devagar no mundo, e quanta oposição ela encontra. Como os seus amigos são fracos e como os seus inimigos são ativos. Durante os seus dias de tristeza, Daniel não comeu nenhum alimento desejável. Embora não pudesse viver sem se alimentar adequadamente, ele reduziu drasticamente a sua alimentação, e se mortificou tanto na qualidade como na quantidade daquilo que comeu. E isso pode ser realmente entendido como um jejum, e um sinal de humilhação e tristeza. Ele não comeu o pão que lhe era agradável e que costumava comer, mas somente aquele que era rude e sem gosto, a fim de não ser tentado a comer mais do que era necessário para apenas manter a sua natureza. Assim como os ornamentos, essas iguarias são completamente inconvenientes em um dia de humilhação. Daniel não comeu carne, não bebeu vinho, nem se ungiu com unguento durante esse período de três semanas (v. 3). Embora fosse agora um homem idoso e pudesse alegar que a sua natureza exigisse aquilo que fosse nutritivo, e embora fosse um homem importante e pudesse alegar que estando acostumado a refeições elegantes não poderia passar sem elas, pois isso iria prejudicar a sua saúde, no entanto, para que tudo isto pudesse servir para testemunhar e auxiliar sua devoção, ele foi capaz de negar tais confortos a si mesmo. Que isso sirva para envergonhar muitos jovens que pertencem às fileiras comuns da vida, e que não são capazes, igualmente, de se convencer a se privarem de certas coisas. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890.]


SINOPSE DO TÓPICO (1)

Daniel, um homem de oração, sentiu o peso da tristeza acerca da revelação das últimas coisas.



II. A VISÃO DO HOMEM VESTIDO DE LINHO (10.4,5)


1. Um “homem vestido de linho”. A visão de Daniel é muito parecida com a que João teve na ilha de Patmos (Ap 1.12-20) e com a do profeta Ezequiel (Ez 1.26). Acredita-se que, assim como João e Ezequiel, o profeta Daniel tenha visto o Senhor Jesus Cristo. Tanto João como Daniel tiveram a mesma reação diante de tal visão: desfaleceram. Eles não encontraram forças para ficar de pé (Dn 10.8; Ap 1.17). Homem algum pode resistir diante da glória do Senhor. A visão do Filho do Homem fez com que as forças físicas de Daniel se esgotassem, todavia, o Senhor enviou um anjo para tocar o seu profeta (Dn 10.10). [Comentário: Uma descrição da gloriosa pessoa que Daniel viu na sua visão e que, como em geral acreditam, não podia ser outra a não ser o próprio Cristo, o Verbo eterno. Daniel estava ao lado do rio Hidéquel (v. 4), provavelmente caminhando por ali, não por diversão, mas por devoção e contemplação, como Isaque caminhou pelos campos a fim de meditar. E, como era uma pessoa distinta, os servos que o atendiam mantinham certa distância. Nesse lugar ele olhou para cima e viu um homem, Cristo Jesus. Entende-se que era Ele, pois tinha a mesma aparência Daquele que apareceu ao apóstolo João na ilha de Patmos (Ap 1.13-15). As suas vestes eram sacerdotais, pois sendo o Sumo Sacerdote da nossa profissão de fé, Ele estava vestido de linho, e como o próprio sumo sacerdote se vestia no dia da expiação, os seus lombos estavam cobertos (na visão de João, o peito estava coberto) com um cinto do mais fino ouro, igual ao de Ufaz. Pois tudo o que se relaciona a Cristo deve ser o melhor que existir. O cinto ao redor dos lombos significa a prontidão e a diligência dele em relação ao seu trabalho, na qualidade de servo de Deus Pai, na obra da nossa redenção. A sua aparência era amável e o seu corpo como o berilo, uma pedra preciosa que tem a cor do céu. O seu semblante era terrível, suficiente para inspirar terror nos espectadores, pois o seu rosto tinha a aparência de um relâmpago. O brilho dos seus olhos trazia a sensação de beleza e ameaça. Eram brilhantes e luminosos como tochas de fogo. Os seus braços e pés brilhavam como o bronze polido (v. 6). A sua voz era alta, forte, e muito penetrante, como a voz de uma multidão.HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890-891.]

2. “Eis que uma mão me tocou”. Daniel é tocado pelo anjo de Deus e ouve palavras de consolo. Os anjos são seres celestiais reais, porém nem sempre podemos vê-los (Hb 12.22). A Palavra de Deus declara que eles são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14). Alguns anjos se rebelaram contra Deus (Jd 6), cometendo um grave pecado. Estes foram expulsos do céu. O número de anjos é imenso (Hb 12.22), porém, no livro do profeta Daniel encontramos a referência a dois anjos em especial: Gabriel, que ajudou a Daniel a compreender as revelações divinas (Dn 9.21-27) e Miguel, o arcanjo, protetor de Israel (Dn 12.1). No Antigo Testamento, uma das atribuições dos anjos era guardar o povo de Deus (2Rs 6.17). Na Bíblia os anjos também foram utilizados como agentes na execução do julgamento divino (Gn 19.1). [Comentário: Daniel tinha caído por terra por não ter tido condições físicas e emocionais de suportar toda aquela revelação. Ficou sem fala, mas ao ser tocado nos lábios, abriu a boca e começou a falar, à semelhança do que aconteceu com o profeta Isaías (Is 6.7). Quando somos tocados pelo Senhor, a sua santidade produz em nós um sentimento de indignidade e impureza perante os seus olhos. Ao ser tocado nos lábios, Daniel, antes emudecido diante da visão, começou a falar. "Como pois pode o servo deste meu Senhor falar com aquele meu Senhor”? (10.17). Dois personagens se destacam nesta experiência, o anjo que falava com ele e o Ser superior a quem Ele entendeu que não tinha condições de estar de pé diante dEle. Quem era aquele “Senhor”? O contexto da escritura indica Alguém que era mais que um ser angelical. Não poderia ser o Senhor Jesus Cristo? Não podemos especular sobre isso, mas não há dificuldade alguma para entender a possibilidade de ser o Senhor Jesus, pré-encarnado, numa aparição especial. Na transfiguração de Jesus diante de seus três discípulos, Moisés e Elias viram a glória de Deus na pessoa de Jesus Cristo, seu Filho amado (Êx 33.19; Lc 9.28-31). (10.18,19) Daniel foi confortado pelo anjo. Daniel descobriu que os opositores da obra em Jerusalém, não eram apenas os samaritanos e palestinos que se opunham contra tudo, mas tinha por trás de toda essa oposição, a ação de demônios. Mas Daniel é confortado pelo anjo quando lhe diz que “era muito amado” por Deus. O anjo revela a Daniel que “o príncipe da Grécia” na figura de um dos espíritos satânicos também se levantaria para se opor ao povo de Deus num tempo bem próximo daquele que ele, Daniel, estava vivendo. A revelação foi feita ainda dentro do período do Império Medo-persa, mas logo passaria, e outro império haveria de surgir, suplantando o medo-persa, que era o Império Grego. Aquele anjo embaixador de Deus anunciou a Daniel que ele enfrentaria as milícias espirituais com o apoio de Miguel, o príncipe de Deus a favor de Israel. A grande lição que aprendemos com este capítulo é que no mundo temos uma guerra espiritual sobre as nossas cabeças.Trata- se de uma guerra invisível, mas temos a promessa da vitória porque Deus cumpre a sua Palavra. Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 147-148.]

3. “O príncipe do reino da Pérsia”. Quem era este príncipe? A maioria dos teólogos acredita que este príncipe seja um anjo satânico. Estes seres malignos obedecem ao comando de seu chefe, o Diabo. Neste capítulo, eles aparecem em oposição ao povo de Deus (vv.13,20). Precisamos de discernimento em relação aos anjos, pois a Palavra de Deus afirma que o próprio Satanás pode disfarçar-se em anjo de luz (2Co 11.14). [Comentário: O Príncipe da Paz e os príncipes terrenos (10.2—11.1). Mais uma palavra confortadora vem da experiência de Daniel. O Senhor que cuida, presta atenção às nossas orações. Três semanas Daniel esteve orando em santo desespero. Porventura Deus o tinha ouvido? O Ser resplandecente fala: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia [...] são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras (12). Enquanto João viu o Filho do Homem no meio do castiçal, no âmbito da Igreja, Daniel viu o “homem vestido de linho” no meio de uma batalha com governos terrenos. O mesmo Cristo eterno, que veio para ser revelado à Igreja e por meio dela, também tem se preocupado com o curso da história humana. Não sabemos exatamente o que significavam as três semanas de luta com o príncipe do reino da Pérsia (13) e qual foi a possível consequência dessa luta. Deve ter sido difícil e intensa para que Miguel viesse ajudá-lo. A maioria dos intérpretes entende que príncipe (sar) usado nesse texto refere-se a seres sobrenaturais que tinham uma influência importante sobre as nações. Visto que o príncipe dos persas bem como o príncipe da Grécia (20) estavam em conflito com o Ser glorioso e seu ajudante, Miguel, parece evidente que pelo menos alguns desses não são anjos. Uma das responsabilidades especiais do arcanjo Miguel é o bem-estar do povo de Israel. Chamado em 10.13 como um dos primeiros príncipes, ele é conhecido em 10.21 como Miguel, vosso príncipe. Judas 9 nos relata que foi “o arcanjo Miguel” que “contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés”. Novamente João nos conta que Miguel e suas hostes celestiais batalharão contra o dragão e o expulsarão das regiões celestiais (Ap 12.7-9). Esse príncipe, um dos príncipes mais elevados do céu, sujeito ao Redentor de Israel, tem um importante papel sobre o destino de Israel. Daniel o viu nessa ocasião como “alguém que parecia um homem mortal” (16, Moffatt). Além de o Anjo de Javé revelar uma batalha que trava pela vontade e as decisões de Ciro e antever um conflito com o príncipe da Grécia (20), Ele revela que no primeiro ano de Dario, rei dos medos, Ele levantou-se para animar e fortalecer Daniel (11.1). Dessa forma, o Príncipe da Paz luta com os príncipes da terra para alcançar seus propósitos. Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 540.]



SINOPSE DO TÓPICO (2)

A visão de Daniel acerca do homem vestido de linho é semelhante a que o apóstolo João teve na Ilha de Patmos e com a do profeta Ezequiel.



III.  DANIEL É CONFORTADO POR UM ANJO (Dn 10.10-12)


1. Daniel é confortado por um anjo (10.10-12). Diante da visão o profeta perdeu as suas forças. Porém, o Senhor envia um anjo para tocar Daniel e restaurar as suas forças físicas. A mão do anjo tocou o profeta e o ergueu. Observe que Daniel, “o homem mui desejado,” ficou como morto e depois de joelhos diante do Senhor. No grande dia, como ficarão aqueles que rejeitam e desprezam o Filho de Deus? [Comentário: De sua posição prostrada, Daniel caiu de joelhos, sobre as duas mãos. O toque do anjo efetuou essa mudança de posição, e assim o profeta agora estava no chão, tremendo. Sua consciência foi recobrada, pelo que ele pôde conversar com o anjo. Ele foi restaurado e encorajado pelo toque do anjo, para cumprir sua missão de profeta, que agora chegava ao fim. Agora ele estava apenas meio de pé, mas outro toque terminaria o trabalho. No vs. 11 vemos Daniel de pé, ainda trêmulo, mas já recuperado (Dn 10.11). Daniel, homem muito amado. Daniel é novamente chamado de muito amado por YAHWEH, um homem que tinha recebido favor especial de Deus e um bom destino (Cf. Dn 9.23). Agora nós o vemos de pé. Daniel, embora idoso, foi novamente enviado com uma mensagem. Ainda lhe restava receber o toque final para completar sua missão. A palavra encorajadora fez Daniel levantar-se e pôr-se de pé. Ele não estava sozinho em seu empreendimento. Então me disse: Não temas, Daniel. A oração e a determinação do homem bom tinham garantido, desde o começo, que ele seria divinamente ajudado naquilo que deveria fazer, pelo que alcançaria sucesso retumbante (Lc 1.11 ss, onde encontramos algo similar envolvendo o ministério angelical). “Enquanto nossa paixão dominante não for conhecer a Deus e à Sua verdade, não poderemos saber muito sobre Ele. Que propósito maior poderia existir para um homem aprender sobre Deus? Firmamos nossa mente para conseguir, mas poucos firmam sua mente para compreender. Mas se alguém faz disso o seu alvo, poderá confiar na promessa de Jesus: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7)" (Gerald Kennedy, in loc.). Se assim são as coisas, não temos por que temer, pois se podemos conhecer o futuro então conhecemos Aquele nas mãos de quem repousa nosso futuro. Poderá haver empecilhos (conforme mostra o vs. 13), mas a vitória final está assegurada, porque um homem bom não está sozinho naquilo que procura fazer (Cf. este versículo com Dn 9.23, onde encontramos algo similar). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3419.]

2. O conflito entre o Arcanjo Miguel e o príncipe do reino da Pérsia (10.13). No capítulo dez do livro de Daniel, dois príncipes das milícias satânicas são identificados: “o príncipe do reino da Pérsia” (v.13) e o “príncipe da Grécia” (v.20). Estes príncipes não eram homens comuns, mas anjos satânicos. Estes anjos caídos só foram derrotados depois que Deus enviou Miguel, o príncipe de Israel (v.21). O anjo que falava com o profeta explicou que o príncipe da Pérsia estava impedindo que a mensagem de Deus fosse entregue. O propósito de Satanás era impedir que Daniel recebesse a revelação do Senhor. [Comentário: O Deus do céu é, e sempre será, o protetor do seu povo. E, sob as ordens dele, os anjos do céu são os patronos e protetores desse povo. [1] Aqui temos o anjo Gabriel ocupado a serviço da igreja, fazendo a sua parte na defesa dos vinte e um dias contra o príncipe da Pérsia, e permanecendo naquela corte como cônsul ou embaixador a fim de cuidar dos negócios dos judeus, prestando-lhes os seus serviços (v. 13). E, embora os reis da Pérsia lhes tivessem feito muito mal (mediante a permissão de Deus), é provável que maiores maldades tivessem sido praticadas contra eles, e teriam ficado bastante arrumados (como exemplo desta verdade, temos a conspiração de Hamã) se Deus não tivesse evitado essas ocorrências nefastas através do ministério dos anjos. Gabriel decidiu, ao ser despachado na missão a favor de Daniel, que iria retornar para lutar contra o príncipe da Pérsia, que iria continuar a se opor a ele, e que, no final, iria humilhar e derrotar aquela orgulhosa monarquia (v. 20), embora soubesse que outra monarquia igualmente perniciosa, a da Grécia, surgiria mais tarde. [2] Aqui está Miguel, o nosso príncipe, o grande encarregado de proteger Israel, e o patrono dessa causa justa, que está repleta de injustiças por parte dos inimigos de Deus e do seu povo. Miguel é um dos principais príncipes de Deus (v. 13). Alguns entendem que ele é um anjo criado, porém um arcanjo de ordem mais elevada (1 Ts 4.16; Jd 9). Outros crêem que o arcanjo Miguel seja o próprio Senhor Jesus Cristo, o Anjo da Aliança, e o Senhor dos anjos, Aquele que Daniel viu na visão (v. 5). Ele “veio para ajudar-me” (v. 13) “e ninguém há que se esforce comigo contra aqueles” (v. 21). Mas Cristo é o Príncipe da igreja, não os anjos (Hb 2.5). Ele preside os assuntos da igreja, e com eficiência provê aquilo que é o melhor para ela. O Senhor é quem capacita os anjos, fazendo com que sejam úteis aos herdeiros da salvação. E, se Ele não estivesse ao lado da igreja, a situação dela seria terrível. A igreja pode dizer como Davi: “O Senhor está comigo entre aqueles que me ajudam” (SI 118.7). “O Senhor está com aqueles que sustêm a minha alma” (SI 54.4). HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 894.]

3. A hostilidade espiritual contra o povo de Deus. O Inimigo tenta de todas as formas destruir Israel, todavia o Senhor tem uma aliança eterna com o seu povo. Satanás não pode impedir a bênção de Deus para Israel. O Inimigo também tenta de todas as formas destruir a Igreja de Cristo. Ele se opõe a Igreja assim como o rei da Pérsia se opôs a Daniel e ao anjo do Senhor. Há resistência espiritual às nossas orações e a nós. Quando oramos entramos em batalha contra as potestades do mal (Ef 6.12). Israel tem o seu ajudador, o arcanjo Miguel. A Igreja é guardada pelo próprio Senhor Jesus Cristo, aquele que venceu as forças do Inimigo ao morrer e ressuscitar ao terceiro dia. [Comentário: Embora o anjo devesse retornar em breve para continuar sua luta contra o anjo-guardião-líder da Pérsia, primeiramente ele transmitiria a mensagem a Daniel. Aquela era uma espécie de missão lateral. O anjo estava muito ocupado e tinha muitas coisas das quais cuidar. No meio (ou depois) do conflito contra o anjo da Pérsia, o anjo-guardião-líder da Grécia haveria de aparecer para perturbá-lo. Somente Miguel seria seu aliado naquelas lutas celestiais (conforme o vs. 21 passa a dizer). Alguns estudiosos pensam que o anjo da Grécia, neste caso, é Alexandre, o Grande, mas é melhor supormos que o anjo guardião da Grécia seria a força e a inspiração de Alexandre, e isso explicaria como esse conquistador conseguiu fazer o que fez, incluindo a derrubada do império persa. Alexandre e seus sucessores também teriam muito para perturbar a Israel, nação à qual Gabriel e Miguel defenderiam. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3420.]


SINOPSE DO TÓPICO (3)

Diante da visão Daniel desfaleceu. Mas, Deus enviou-lhe um anjo para confortá-lo e reerguê-lo.




CONCLUSÃO


Duas vezes o anjo de Deus tocou em Daniel para que ele pudesse recobrar as suas forças físicas. O toque de Deus nos anima e nos fortalece para que possamos, como Daniel, servir ao Senhor com temor e amor. [Comentário: A visão provocou um efeito extraordinário em Daniel. Ele não teve forças físicas para se manter em pé e caiu adormecido pela glória do “homem vestido de linho”. A mesma experiência que João teve na Ilha de Patmos com a visão do Cristo glorificado (Ap 1.17,18) foi experimentada por Daniel junto ao rio Tigre. Destaco que, Daniel ficou sem forças, não só porque teve aquela grande visão, mas sobretudo, por causa do aparecimento da grandeza do panorama celestial, dos grandes acontecimentos do porvir. Eles tinham relações marcantes com a nação judaica, e Daniel era um dos integrantes dela. Daniel reergueu-se de seu desmaio e foi confortado por um anjo da parte de Deus depois da grande peleja que houve no céu entre os comandados de Satanás e os anjos de Deus, naqueles 21 dias de oração do grande servo de Deus. O anjo falou-lhe que era muito amado por Deus.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!


Francisco Barbosa



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